Que faço eu? Que faço?
Chamo por ti?
Espero que o rio te traga até mim?
Deixo-me aqui estar, sem lágrimas, esperando o milagre, a lírica explosão?
Casal enlaçado, há pouco, junto ao farol de Cacilhas, sobre o Tejo, Lisboa já ali |
Que faço eu senão amar
o milagre sem paga
a lírica explosão
de um rio que brota neste espaço
de um algo agora acrescentado
ao mudo mundo em que nasci?
Que faço eu que faço
senão olhar o que tenho em frente
e deixar que as lágrimas caiam
dadivosas?
(Belíssimo, belíssimo poema '40.' de Pedro Tamen in 'O livro do sapateiro')
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