Caminho por esta rua e comigo caminham as minhas palavras, a minha sombra, as minhas sombras. Junto a mim outras pessoas caminham e não as conheço e não me conhecem. Outras cruzam-se comigo e não me vêem.
Contudo, por vezes, as minhas palavras, mais rápidas que eu, voam sobre o rio e chegam até quem as sabe ler, as sabe ouvir.
Quando regressam, vêm felizes, as minhas palavras. Alguém as sussurrou baixinho, as beijou, as tomou por entre as mãos.
É isso que elas me contam quando regressam contentes - e com elas vem alguém até mim, alguém cuja sombra caminha junto à minha, os dois na mesma direcção.
No Ginjal, dois homens e um rapaz cruzam-se comigo e seguem a sua direcção, em direcção ao sol que se põe sobre o Tejo |
Quantas pessoas caminham na
minha direcção? Quantas me
descobrem por entre a multidão
e pousam os seus olhos inteiros
nos meus olhos? Podia acreditar
que entre elas está o homem que
trocaria comigo os dedos sobre a
mesa, uma palavra que fosse gomo
de laranja e poema, o corpo aceso
sob o lençol cansado de mais um
dia. Mas quantos destes rostos de
pedra que me cercam escondem o
seu pelas ruas desta tarde? Quantos
nomes de acaso e de silêncio terei
eu de escutar para descobrir o seu
no meu ouvido? Quantas pessoas
caminham contra mim?
(Poema de Maria do Rosário Pedreira in 'Nenhum Nome Depois'
minha direcção? Quantas me
descobrem por entre a multidão
e pousam os seus olhos inteiros
nos meus olhos? Podia acreditar
que entre elas está o homem que
trocaria comigo os dedos sobre a
mesa, uma palavra que fosse gomo
de laranja e poema, o corpo aceso
sob o lençol cansado de mais um
dia. Mas quantos destes rostos de
pedra que me cercam escondem o
seu pelas ruas desta tarde? Quantos
nomes de acaso e de silêncio terei
eu de escutar para descobrir o seu
no meu ouvido? Quantas pessoas
caminham contra mim?
(Poema de Maria do Rosário Pedreira in 'Nenhum Nome Depois'
Sem comentários:
Enviar um comentário