Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

02 novembro, 2010

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, a essa hora dos mágicos cansaços

Eu só quero que saibas que estou a pensar em ti agora e sempre mais: a lembrar-me do sabor que tinha a tua boca, e do eco dos teus passos, e do teu sorriso, e dos teus abraços, e dos teus beijos, e da tua mão na minha...

Eu queria que viesses ver-me hoje e me prendesses toda nos teus braços.


(Gaivota à espera no ginjal, Lisboa ali tão perto, tão bela, o Tejo a seus pés)

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

(Florbela Espanca)

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