Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

30 outubro, 2011

Desentrelaço o amor deslaçando o imprevisto e com ele me visto

    
Tapava a nudez, que tu tanto desejavas, com o meu pudor malicioso. Mas logo tu me forçavas ao impudor, despindo-me de todas as roupas, de toda a timidez. E com a luz que entrava pela janela e com o calor do teu corpo eu me via coberta, impudica e cheia de amor. E se as minhas mãos ainda tentavam cobrir algum recanto de pele, logo as tuas mãos audaciosas brincavam com o meu pudor, louvando a minha nudez, brindando ao nosso amor.



[Mais abaixo, depois da Maria Teresa Horta, encontrará a diva, a divina - um sublime lamento de amor na voz de Maria Callas]

Numa manhã de sol de outono, fotografando Lisboa, com o Tejo, manso, de permeio

                           Desentrelaço o amor
                           deslaçando o imprevisto
                           e se com ele me visto

                          de novo com as tuas mãos
                          torno a tecer
                          o que dispo

                          Entranço a luz no abraço
                          e o baraço no fulgor
                          desembaraço a nudez

                         tiro e uso o meu pudor
                         ponho o sol a iluminar
                         o corpo seja onde for


                        (Entrelaçar de Maria Teresa Horta in Poesia Reunida)

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