Não sei de ti, não te ouço, não me chegam as tuas palavras, não sinto a tua respiração.
Se te quiser chamar, por que nome chamo? Ainda te lembrarás do nome que te dei? Por que não me dizes nada?
Estou aqui, à beira mar, ao sol, à tua espera e tu não vens.
Mas aqui ficarei, acompanhando as marés, aguentando os ventos, e rasgarei os mares, e chamar-te-ei até que venhas.
Vem.
No jardim do Ginjal, mesmo em cima do Tejo, homem medita, saudoso |
Ainda terás nome?
Esse que te dei, chama
ou asa, ainda te pertence?
Se tens ainda nome
por que não respondes?, por que não
te aproximas para respirar
comigo o mesmo sol, o mesmo riso?
Também a transparência,
claro rumor de tílias, morre
quando se morre?,
ou só morre a espessura dos dias,
o peso do ar?
Com as mãos, com os olhos, seja
com o que for, dentes ou sílabas,
escavarei o chão até romper
a água - para sempre acesa.
('Quase elegia' de Eugénio de Andrade in Os lugares do lume)
Esse que te dei, chama
ou asa, ainda te pertence?
Se tens ainda nome
por que não respondes?, por que não
te aproximas para respirar
comigo o mesmo sol, o mesmo riso?
Também a transparência,
claro rumor de tílias, morre
quando se morre?,
ou só morre a espessura dos dias,
o peso do ar?
Com as mãos, com os olhos, seja
com o que for, dentes ou sílabas,
escavarei o chão até romper
a água - para sempre acesa.
('Quase elegia' de Eugénio de Andrade in Os lugares do lume)
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