Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

28 junho, 2011

Pelo teu corpo, pelo seu calor, humidade e frescura eu troco as minhas poucas résteas de esperança

Há palavras de amor e paixão que atingem com força quem as diz e quem as ouve.

O amor faz-se de gestos e faz-se de palavras.

As palavras  há que saber escolhê-las, há que saber dizê-las.

Mas há também que saber ouvi-las, que saber acolhê-las. 

Um amor que é desejo e imaginação e dádiva é um amor que é eterno mesmo que dure apenas um momento   e há momentos que valem uma vida, que valem todas as résteas de esperança.

Há pouco, de frente para Lisboa, à beira do Tejo

Pelo teu corpo
pelo seu calor  humidade e frescura
pelos seus odores vários que vão da raiz
à flor e ao mais lento e impaciente dos frutos
pelas bocas que nele há
das mais húmidas às mais expectantes
pelo seu todo indissociável
para a minha necessidade
e para o meu imaginário
pelo seu todo poderoso
pelo teu corpo eu troco:
as minhas poucas e últimas
résteas de esperança
e ainda (mãos largas que estou)
as angústias todas as minhas
angústias de estimação.


(Poema de 'O quarto azul - e outros poemas' de Rui Caeiro)

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