Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

09 novembro, 2010

Nos teus olhos alguém anda no mar e neles há um choro riso

Daqui pode ver-se a Lua, o mar ondula, o vento geme e o teu espírito renasce, puro. Na tua pele toda a terra treme. Morre a sombra desejada, numa esperança fugidia. Dizes-me até amanhã, que tem de ser, que te vais. Só que amanhã, sei-o bem, é sempre longe demais. Ou talvez não.



Nos teus olhos alguém anda no mar
alguém se afoga e grita por socorro
e és tu que vais ao fundo devagar
enquanto sobre ti eu quase morro.

E de repente voltas do abismo
e nos teus olhos há um choro riso
teu corpo agora é lava e fogo e sismo
de certo modo já não sou preciso.

Na tua pele toda a terra treme
alguém fala com Deus alguém flutua
há um corpo a navegar e um anjo ao leme.

Das tuas coxas pode ver-se a Lua
contigo o mar ondula e o vento geme
e há um espírito a nascer de seres tão nua.


(in Sete Sonetos e um Quarto de Manuel Alegre)

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