Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

23 novembro, 2010

Há uma linha subtil que tu partiste

Às vezes no silêncio da noite, eu imagino-nos a nós dois: fico ali sonhando acordada, juntando o antes, o agora e o depois. Há uma causa cruel que não se sente, mas é a vida.

Às vezes sinto que te perdi no chão - como uma fonte que secou. Mas, se me ouves, não aqueças a dor da tua mente, nem a luz que nos olhos te subsiste.

Onde está você agora?


(Num dos cais do Ginjal, uma mulher elegante, com raça, provável pescadora, emerge das águas do Tejo)

há uma linha subtil que tu partiste
no medo desmedido mas contente
uma causa cruel que não se sente
mas é a vida  a terra que tu viste

se logo o vento vário não resiste
e a história ferida se desmente
não aqueças a dor da tua mente
nem a luz que nos olhos te subsiste

e se rires do pó o dissolver-te
em tanta coisa a cor que se mudou
na água tédio médio de só ver-te

corta as linhas maiores do que ficou
na sede de partir e de perder-te
no chão como uma fonte que secou

(Soneto de E.M.de Melo e Castro)

Sem comentários:

Enviar um comentário