Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

12 abril, 2014

'O Desempregado com Filhos' andou pelo Ginjal mas as gaivotas, os gatos e a maresia não lhe valeram. Coitado deste e de todos os desempregados. [Apesar de tudo, festejemos: chegou um novo vídeo de CINE POVERO]


Apetece dizer: parem tudo! Chegou um vídeo novo do Cine Povero e chega em boa hora. Todos os alertas e chamamentos são poucos quando Abril é chegado.


Gonçalo M. Tavares escreveu e Cristina Branco disse.
Ele estava desempregado há muito tempo.
Tinha filhos e do trabalho restavam cadilhos. E da fome sobravam rastilhos.
Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.
Ele estava desempregado há mais tempo do que sabia, e mesmo se não queria, tinha filhos, aceitou.
Logo ali no cepo a deixou.
A mão, a mão, a mão.
Outra vez despedido de novo procurou emprego.
Só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão, aquela que te resta, a segunda
mão.
Ele estava desempregado, tinha filhos, aceitou.
Porque o tempo lhe fugia entre os últimos dedos lhe fugia,
a mão, o tempo, a mão.
Porque o tempo lhe fugia, entre os últimos dedos lhe fugia,
a mão, o tempo, a mão.
E quando um dia lhe disseram; só tens emprego se te cortarmos a cabeça.
Ele estava desempregado há mais tempo do que podia, tinha filhos, aceitou, e
baixando a cabeça, aceitou.
Porque o tempo lhe fugia, entre os últimos dedos lhe fugia,
a mão, o tempo, a mão.



A música é : Eleni Karaindrou, "Medea's Lament I" in «Medea»

e este é mais um dos maravilhosos vídeos do CINE POVERO


2 comentários:

  1. Apenas uma palavra. Viva. Viva quem faz e pensa coisas destas. A minha admiração por este filme e pelo que está associado.

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    1. Bom dia Pedro Soares,

      Partilho a sua admiração. Que haja pessoas que continuem a manter bem viva a chama da inspiração, da sensibilidade social e do sentido poético das coisas é um milagre que deveremos festejar todos os dias.

      O Cine Povero e a maravilhosa conjugação de peças que faz encanta-me.

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