Apetece dizer: parem tudo! Chegou um vídeo novo do Cine Povero e chega em boa hora. Todos os alertas e chamamentos são poucos quando Abril é chegado.
Gonçalo M. Tavares escreveu e Cristina Branco disse.
Ele estava desempregado há muito tempo.
Tinha filhos e do trabalho restavam cadilhos. E da fome sobravam rastilhos.
Disseram-lhe: só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão.
Ele estava desempregado há mais tempo do que sabia, e mesmo se não queria, tinha filhos, aceitou.
Logo ali no cepo a deixou.
A mão, a mão, a mão.
Outra vez despedido de novo procurou emprego.
Só te oferecemos emprego se te cortarmos a mão, aquela que te resta, a segunda
mão.
Ele estava desempregado, tinha filhos, aceitou.
Porque o tempo lhe fugia entre os últimos dedos lhe fugia,
a mão, o tempo, a mão.
Porque o tempo lhe fugia, entre os últimos dedos lhe fugia,
a mão, o tempo, a mão.
E quando um dia lhe disseram; só tens emprego se te cortarmos a cabeça.
Ele estava desempregado há mais tempo do que podia, tinha filhos, aceitou, e
baixando a cabeça, aceitou.
Porque o tempo lhe fugia, entre os últimos dedos lhe fugia,
a mão, o tempo, a mão.
A música é : Eleni Karaindrou, "Medea's Lament I" in «Medea»
e este é mais um dos maravilhosos vídeos do CINE POVERO
Apenas uma palavra. Viva. Viva quem faz e pensa coisas destas. A minha admiração por este filme e pelo que está associado.
ResponderEliminarBom dia Pedro Soares,
EliminarPartilho a sua admiração. Que haja pessoas que continuem a manter bem viva a chama da inspiração, da sensibilidade social e do sentido poético das coisas é um milagre que deveremos festejar todos os dias.
O Cine Povero e a maravilhosa conjugação de peças que faz encanta-me.