Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

23 fevereiro, 2013

Cavalgava na chuva, cavalgava distante dos amigos, de mãos nuas. Sim, falamos de sombras. [De 'A Terceira Miséria', do qual Hélia Correia fala aqui e com o qual ganhou o Prémio Correntes d'Escritas 2013]. Tudo ao som de Alma Mater



                                                "Acorda - a Grécia não, que está desperta -
                                                 acorda tu, meu espírito", disse ele.
                                                 Cavalgava na chuva, cavalgava
                                                 distante dos amigos, de mãos nuas,
                                                 prevendo a glória e acordando o chão
                                                 do Missolonghi, um chão esfaimado há muito,
                                                 um chão onde ele esperava repousar.







                                                  Sim, falamos de sombras. Vendo bem,
                                                  incendiámos tudo: Alexandria
                                                  e os sábios, as mulheres. Incendiámos
                                                  o grande coração. Temos aos ombros
                                                  o apetrecho dos destruidores,
                                                  não a pólvora, não: essa arrogância
                                                  pela qual o ocidente se perdeu






6 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigada, Luís. A Hélia Correia é um ser especial, uma grande escritora.

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  2. Que lindo este gatinho amarelo tigrado que abre o seu Ginjal!...
    Gostei muito dos dois vídeos que nos trouxe hoje. Logo que oportuno vou adquirir o livro 'A Terceira Miséria' da Hélia Correia, pois deve ser muito bom.
    Obrigada por este espaço a cheirar a flores, a poesia e a tranquilidade.
    Um beijinho

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    1. Olá Maria Eduardo,

      Alguém agora fez um pequeno abrigo encostado a um muro. São uns paus, uns tijolos, uma chapa a fazer de telhado. os gatinhos agora, por vezes, abrigam-se lá. Gosto imenso de os ver, por ali. Cada um de sua cor, tão livres, tão bonitos.

      Para quem gosta de poesia este é um grande livro. Os poemas são pequenos mas muito belos.

      Fico contente que a tranquilidade que sinto quando passeio junto ao rio e quando estou aqui a escrever neste meu espaço, perpasse para quem me lê. Aqui será sempre muito bem vinda e penso eu que aqui sempre encontrará um ambiente muito calmo (mesmo quando é melancólico - como o que hoje acabei de escrever).

      Um beijinho, Maria Eduardo!

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  3. Olá, UJM

    Grande e bela mulher, a Hélia Correia. E muito oportuna esta homenagem, aliás, já tinha falado dela, em temos, no seu outro blogue, não é?

    'A Terceira Miséria', tema actual, que a própria autora contextualiza. Gostei muito de a ver aqui. A música de Rodrigo Leão bem a propósito. Com imagens lindíssimas.

    Bjs

    Olinda

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  4. Olá Olinda,

    Sim, quando saíu este livro, falei dele e transcrevi alguns poemas lá no UJM. Gosto muita da Hélia Correia, já falei dela várias vezes por lá. É uma mulher que parece que está um pouco acima da mediania, parece que voa um pouco por cima da vulgaridade e da espuma dos dias. Gosto muito do que ela diz, do que ela escreve. É muito lúcida e, ao mesmo tempo, muito sonhadora. Acho que se eu a conhecesse pessoalmente, ia dar-me muito bem com ela.

    A música de Rodrigo Leão é sempre também muito especial, intemporal. Acho que casa muito bem com as palavras de Hélia Correia.

    Fico contente que tenha gostado.

    Beijinhos, Olinda!

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