TOMAZ ALCAIDE
I pescatori di perle - Georges Bizet
Tomaz de Aquino Carmelo Alcaide foi o maior tenor português de sempre.
Nasceu em 1901 em Estremoz e começou a revelar-se em tertúlias de natureza privada, mostrando uma voz de belo timbre; a conselho de alguns amigos e de alguns críticos decide dedicar-se à carreira lírica e inicia lições de canto, primeiro com Alberto Sarti e posteriormente com Francisco de Sousa Coutinho.
A sua primeira apresentação pública faz-se no Teatro Bernardim Ribeiro, em Estremoz e Alcaide prossegue os estudos agora com Eugenia Mantelli que lhe proporciona uma sólida preparação musical e o inicia nos papéis mais apropriados para a sua voz.
Em Abril de 1925 Tomaz Alcaide parte para Milão, para se aperfeiçoar e onde estudará com o Maestro Fernando Ferrara que o encaminha para o reportório “di grazia”, recomendando o estudo dos papéis de Almaviva, Elvino, Ernesto, Nadir, De Grieuz e Werther e em Dezembro desse ano, estreia-se no Teatro Carcano de Milão, interpretando o papel do Maestro Wilhelm, da ópera “Mignon” de Ambroise Thomas, dando início a uma carreira que o leva a ser, em 1930, o tenor escolhido para a estreia mundial de “As Preciosas Ridículas” de Felice Lattuada e de “Il Re” de Umberto Giordano, ambas no Teatro Reale de Roma. Após estas récitas, Alcaide apresenta-se no Scala de Milão, em “As Preciosas Ridículas” e também em “Il Gobbo del Califfo” de Franco Casavola e em “Madonna Imperia” de Franco Alfano; o seu desempenho é de tal modo imponente que o Scala propõe-lhe um contrato para primo tenore por 3 temporadas consecutivas.
Nos anos 30 do século XX, sendo já reconhecido por toda a Europa, Alcaide estreia-se na zarzuela e na ópera vienense.
Em Montecarlo, interpreta em 1934 “Doña Francisquita”, do espanhol Amadeo Vives e em Boulogne sur mer, Bruxelas e Paris, interpreta, em 1937, a opereta “O País dos Sorrisos”, de Franz Lehar. Ficarão ainda famosas as suas interpretações de personagens libertinas, apoiadas na dinâmica da sua voz de timbre cristalino.
Com o início da 2ª Guerra Mundial, Tomaz Alcaide parte para a América do Sul, sendo recebido no Teatro Colón, de Buenos Aires e depois na Ópera do Rio de Janeiro e no Teatro Municipal de São Paulo.
Terminado o conflito, volta a actuar nos palcos europeus, regressando em definitivo a Portugal em 1947.
Admirado pelos seus incontestáveis dotes naturais – os seus 'pianíssimi' eram de uma delicadeza extrema – e pelo seu virtuosismo técnico e grande escola vocal, Tomaz Alcaide apresentou-se durante mais de duas décadas nos mais importantes teatros líricos da Europa e América, constando do seu repertório quase todos os grandes papeis para tenor.
Na última década de vida, Alcaide realizou ainda diversas conferências, publicou uma autobiografia intitulada “Um Cantor no Palco e na Vida”, colaborou em programas de rádio, ao lado de João de Freitas Branco e de Maria Helena de Freitas e dirigiu a Escola de Canto do Teatro da Trindade, acumulando os cargos de mestre de canto e de encenador da Companhia Portuguesa de Ópera.
Tomaz Alcaide viria a falecer a 9 de Novembro de 1967 em Lisboa.
(adaptado de uma biografia publicada por António Ferreira)
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