Tapava a nudez, que tu tanto desejavas, com o meu pudor malicioso. Mas logo tu me forçavas ao impudor, despindo-me de todas as roupas, de toda a timidez. E com a luz que entrava pela janela e com o calor do teu corpo eu me via coberta, impudica e cheia de amor. E se as minhas mãos ainda tentavam cobrir algum recanto de pele, logo as tuas mãos audaciosas brincavam com o meu pudor, louvando a minha nudez, brindando ao nosso amor.
[Mais abaixo, depois da Maria Teresa Horta, encontrará a diva, a divina - um sublime lamento de amor na voz de Maria Callas]
Numa manhã de sol de outono, fotografando Lisboa, com o Tejo, manso, de permeio |
Desentrelaço o amor
deslaçando o imprevisto
e se com ele me visto
de novo com as tuas mãos
torno a tecer
o que dispo
Entranço a luz no abraço
e o baraço no fulgor
desembaraço a nudez
tiro e uso o meu pudor
ponho o sol a iluminar
o corpo seja onde for
(Entrelaçar de Maria Teresa Horta in Poesia Reunida)
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