Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

28 abril, 2011

Seus olhos estão perigosamente dentro de mim, aqui fizeram morada

Os teus olhos entravam dentro de mim e eu sentia que a tua alma se deitava sobre a minha, abraçadas as duas, a despeito da separação que a vida nos impunha.

Hesitávamos entre estar felizes ou estar tristes, caminhávamos à beira de um abismo, um abismo que nos atraía.

Até que os nossos caminhos se separaram.

No Ginjal, homem só sobre o Tejo, alheio ao arco-íris que se eleva sobre ele

Seus olhos estão perigosamente dentro
de mim
aqui fizeram morada
e estão como Deus
em toda parte
se interpondo
entre a paisagem mais próxima
entre a fresta de luz e a imagem
tangenciando meu olhar
que não sabe olhar puro
que se trai a cada segundo.

Seus olhos estão perigosamente pousados
sobre mim
como borboleta em flor
cobrindo minha pele em ternura
suaves como seda
a farfalhar sobre os poros
e os pelos.
Luzes que incendeiam
em sublime música
meu corpo aceso em sede
Sombras sobre minha noite
embalam meu sono
devassando meus sonhos
onde secretamente me assombram
estando fora e sendo dentro
espelhos de amor intenso
e imenso.

Nossos olhos estão perigosamente
em comunhão
a despeito da separação
que a vida nos impõe.
E nossas vidas
sob risco
entre sermos felizes
ou tristes
e nossos destinos
por um triz
entre sucessos
e desatinos.
Secretamente
espreitamos-nos
como caminhos
à beira
de atraentes abismos.

(Secretamente de Vírginia Schall)

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