Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

23 janeiro, 2011

Tourada pelo Fernando Tordo e Raquel Tavares

Uma canção emblemática no dia de hoje, dia de abstenção, dia de desconforto para os eleitores que não se reviram nos candidatos. Um dia que marca o desagrado da população perante o rumo que o regime está a tomar, um rumo que conduz à regressão da qualidade da classe política.

A Tourada - aqui interpretada pelo intérprete original, o Senhor Fermando Tordo e também por uma fadista de alma, a Raquel Tavares - rompeu com o silêncio vigente à data e animou os descontentes.



Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.

Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.

(Letra de Tourada, de José Carlos Ary dos Santos)

Sem comentários:

Enviar um comentário