O amor e o encantamento e o medo e a aflição e a alegria e a tristeza e tudo são coisas que vêm cá de dentro, do límbico, das tripas, do sangue. Não vêm de modelos didascálicos, de conceitos oximorizados e outras semânticas que tais, palavras trabalhadas, enfeitadas, feitas de propósito para alguém usar na lapela da virtude linguística. Digo eu, misturando as palavras e os conceitos de propósito para as tornar ainda mais ostentatórias.
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
['Poeminha de Amor' de Cora Coralina]
*
A palavra a Cora Coralina
*
Um encanto, esta entrevista!
ResponderEliminarTambém gostei imenso. Desconcertante (especialmente para uma professora, não é) mas encantadora.
Eliminarbeijinhos, Isabel!
Cara UJM,
ResponderEliminaras palavras, a semântica, a linguística!...ai a língua portuguesa, bela, sonante e enredada de tessituras quentes e edulcoradas.
Pode crer que por muito rebuscadas que as palavras sejam, jamais poderão ser tratadas como ganga ou matéria desprezível.
Com rimário ou sem ele, a palavra transmite energia à mensagem escrita. A força está na alma e sentimento da própria palavra… e nós esgrimimos as letras de cada palavra com essa alma e esse sentimento, com reminiscências duma Pátria em explosão verbal.
Felicidades e muita saúde
Olá dbo,
EliminarQue bom receber a sua visita. Muito obrigada pelo prazer que é ler as suas palavras. Tem razão: simples ou rebuscadas, as palavras são espelhos, são a pele. São pedras mágicas.
Felicidades e saúde também para si, dbo.
Ohhh...eu adoro, adoro Coralina...Descobri UJM este fim-de-semana e vim logo espreitar este seu blogue...Tão bom, tão bons. Fique por aí que eu já não saio daqui, prometo!
ResponderEliminarO simples é o agonista do coração do simples
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