Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

15 dezembro, 2013

Às vezes, tanto, que o meu sonho louco voava das estrelas à mais rara


O chão que piso quando ando com a cabeça nas nuvens parece-se com um céu cheio de estrelas. Não me cansa viver. A vida é um imenso sonho que percorro, abrindo portas, descobrindo jardins, inventando labirintos de desejo e paixão, infinita descoberta, infinito mar de afectos e maravilhas. Olho o chão que piso e as pedras são constelações ou guias e por elas vou, sem me cansar, sem descrer. Tantos os sonhos, tantas as estrelas, tanta a luz.


Caminho no Ginjal junto à Fonte da Pipa





Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.  
Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.  
Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .
E venha a morte quando Deus quiser. 
Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas. 

[Sabedoria de José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo' dito por Bruno Huca]

4 comentários:

  1. Gosto muito da poesia de José Régio. Este poema é lindo.
    Achei a foto belíssima!
    Um beijinho e uma boa semana :)

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  2. Olá Isabel,

    Também gosto de José Régio e tenho pena que os nossos grandes poetas andem meio esquecidos.

    Quanto à fotografia, quando a tirei, o meu marido que se cansa de esperar por mim, refilou: 'já não tens mais nada a que tirar fotografias, já fotografas o chão' mas eu imaginei logo que esta fotografia tinha a sua beleza e haveria de encaixar no sentido de algum poema.

    Obriga, Isabel.

    Beijinhos e uma boa semana também para si!

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  3. É bom ter o céu como chão quando se anda com a cabeça nas nuvens.
    :)

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  4. Então não é?

    E estar deitado no chão a ver as estrelas também é bom, como se estivéssemos perto delas, como se a terra e o céu se unissem para formar um ninho.

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