O chão que piso quando ando com a cabeça nas nuvens parece-se com um céu cheio de estrelas. Não me cansa viver. A vida é um imenso sonho que percorro, abrindo portas, descobrindo jardins, inventando labirintos de desejo e paixão, infinita descoberta, infinito mar de afectos e maravilhas. Olho o chão que piso e as pedras são constelações ou guias e por elas vou, sem me cansar, sem descrer. Tantos os sonhos, tantas as estrelas, tanta a luz.
Caminho no Ginjal junto à Fonte da Pipa |
Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.
Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.
Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .
E venha a morte quando Deus quiser.
Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.
[Sabedoria de José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo' dito por Bruno Huca]
Gosto muito da poesia de José Régio. Este poema é lindo.
ResponderEliminarAchei a foto belíssima!
Um beijinho e uma boa semana :)
Olá Isabel,
ResponderEliminarTambém gosto de José Régio e tenho pena que os nossos grandes poetas andem meio esquecidos.
Quanto à fotografia, quando a tirei, o meu marido que se cansa de esperar por mim, refilou: 'já não tens mais nada a que tirar fotografias, já fotografas o chão' mas eu imaginei logo que esta fotografia tinha a sua beleza e haveria de encaixar no sentido de algum poema.
Obriga, Isabel.
Beijinhos e uma boa semana também para si!
É bom ter o céu como chão quando se anda com a cabeça nas nuvens.
ResponderEliminar:)
Então não é?
ResponderEliminarE estar deitado no chão a ver as estrelas também é bom, como se estivéssemos perto delas, como se a terra e o céu se unissem para formar um ninho.