Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

10 outubro, 2012

A luz da manhã na pele nua. Uma sede crescente.


Olhas-me com olhos doces, húmidos. Conheço esse teu olhar. Desejas-me. É desejo o que banha o teu olhar. E, meu amor, como eu gosto de o sentir.

O sol incide no rio, oblíquo, e a luz desliza, suave, e vem dourar as velhas paredes deste casario. Caminhamos rente a estas paredes que guardam sorrisos e suspiros, e o teu olhar oblíquo vem carregado de flores, de beijos, de carícias.

Sorrio. Gosto de percorrer os caminhos da luz, os caminhos que ateiam a sede dentro de ti. E dentro de mim. Nestas horas de calor e luz o meu corpo abre-se como uma flor sedenta. E, quando te olho, sinto que o meu olhar também escorre de desejo, de sedento desejo. E escuso de te dizer que estou à espera que venhas matar a sede do meu corpo. Junta o teu amor à luz que sobre mim se derrama. 

Vem.



[Abaixo da imagem de um amor suave, abaixo também do belo poema de Casimiro de Brito, poderão encontrar uma bela interpretação da Bacanal de Saint-Saëns]


Passeio junto ao Tejo, rente ao casario do Ginjal


                                            A luz da manhã na pele nua.
                                            Uma sede crescente.
                                            As alfaias do amor vacilam.
                                            Abres os olhos, deixas correr
                                             a água infinita,
                                             um fio apenas
                                             no meu corpo que foi árido.
                                             A luz envolve-te ou és tu quem nela
                                             se derrama?


                                             [Poema 100 - I de Casimiro de Brito in 'Amar a vida inteira']

*


Sei lá...

Trazes no olhar um encanto de sol pôr
e o mistério do dia que amanhece
fosses tu apenas sombra
e eu saberia adivinhar-te...
(Esquece)
sou eu a divagar coisas que a vida decide e tece
ou escreve
na areia
no mar
nas ruas mais estreitas da cidade

e eu adivinho
vagamente encandeadas
a tua luz e a minha
cruzando eternidade


[Da autoria de Era uma Vez num comentário aqui abaixo]



*


Ainda vens longe
Eu logo adivinho
Como vais chegar.
Se triste ou cansado,
Se calmo e tranquilo,
Eu abro os meus braços
Para te abraçar.
E é nesse abraço
Que tudo se diz
Leio-te tão bem
Nem tens de falar. 


[Da autoria de Maria num comentário aqui abaixo]


11 comentários:

  1. Falar de amor é sempre doce:
    Mary, a eterna romântica.

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    1. Olá Mary,

      a mim nem sempre me dá para falar de amor mas, quando falo, adoro, sinto-me mesmo bem, gosto.

      Também sou uma romântica, uma apaixonada. É bom ser-se assim, não é, Mary?

      Um abraço!

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  2. ERA UMA VEZ11 outubro, 2012

    Sei lá...

    Trazes no olhar um encanto de sol pôr
    e o mistério do dia que amanhece
    fosses tu apenas sombra
    e eu saberia adivinhar-te...
    (Esquece)
    sou eu a divagar coisas que a vida decide e tece
    ou escreve
    na areia
    no mar
    nas ruas mais estreitas da cidade

    e eu adivinho
    vagamente encandeadas
    a tua luz e a minha
    cruzando eternidade

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    1. Erinha,

      Tão bonito, é sempre aquela magia que passa pelo meio de uma história, tão característico nos seus poemas.

      Já o coloquei no sítio devido, onde merece estar.

      Muito obrigada e um beijinho, Erinha.

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  3. Que lindo, Erinha!
    Beijinho
    Mary

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  4. Desculpem o atrevimento, Amigas.
    Só uma pequena coisa, feita de repente:

    Ainda vens longe
    Eu logo adivinho
    Como vais chegar.
    Se triste ou cansado,
    Se calmo e tranquilo,
    Eu abro os meus braços
    Para te abraçar.
    E é nesse abraço
    Que tudo se diz
    Leio-te tão bem
    Nem tens de falar.

    Maria

    Beijinhos para as duas.

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    1. Mary,

      Tão bonito também. Como gosto de ver a inspiração a fazer-se poesia, aqui, tão generosamente...

      E como me reconheço nessa intuição feita de vivência a dois.

      Também já o coloquei no sítio devido.

      Muito obrigada, Mary.

      Um abraço!

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  5. ERA UMA VEZ12 outubro, 2012

    E assim surge uma tertúlia queridas meninas...
    ... uma espécie de "amor em tempo de guerra"
    Desejo-vos tudo de bom.

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    1. Eu limito-me a oferecer a casa, a servir uns chazinhos e a aplaudir. Com meninas poetas tão talentosas estou sempre desejando que cá venham.

      Um abraço às duas e a todos os que nos lerem!

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  6. Mesmo de longe valeu a pena "atravessar" a ponte e beber a beleza das palavras.

    Abraco

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    1. jrd,

      Que palavras tão boas de ler. Muito obrigada, mesmo!

      Um abraço.

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