Olhas-me com olhos doces, húmidos. Conheço esse teu olhar. Desejas-me. É desejo o que banha o teu olhar. E, meu amor, como eu gosto de o sentir.
O sol incide no rio, oblíquo, e a luz desliza, suave, e vem dourar as velhas paredes deste casario. Caminhamos rente a estas paredes que guardam sorrisos e suspiros, e o teu olhar oblíquo vem carregado de flores, de beijos, de carícias.
Sorrio. Gosto de percorrer os caminhos da luz, os caminhos que ateiam a sede dentro de ti. E dentro de mim. Nestas horas de calor e luz o meu corpo abre-se como uma flor sedenta. E, quando te olho, sinto que o meu olhar também escorre de desejo, de sedento desejo. E escuso de te dizer que estou à espera que venhas matar a sede do meu corpo. Junta o teu amor à luz que sobre mim se derrama.
Vem.
[Abaixo da imagem de um amor suave, abaixo também do belo poema de Casimiro de Brito, poderão encontrar uma bela interpretação da Bacanal de Saint-Saëns]
Passeio junto ao Tejo, rente ao casario do Ginjal |
A luz da manhã na pele nua.
Uma sede crescente.
As alfaias do amor vacilam.
Abres os olhos, deixas correr
a água infinita,
um fio apenas
no meu corpo que foi árido.
A luz envolve-te ou és tu quem nela
se derrama?
[Poema 100 - I de Casimiro de Brito in 'Amar a vida inteira']
*
Sei lá...
Trazes no olhar um encanto de sol pôr
e o mistério do dia que amanhece
fosses tu apenas sombra
e eu saberia adivinhar-te...
(Esquece)
sou eu a divagar coisas que a vida decide e tece
ou escreve
na areia
no mar
nas ruas mais estreitas da cidade
e eu adivinho
vagamente encandeadas
a tua luz e a minha
cruzando eternidade
[Da autoria de Era uma Vez num comentário aqui abaixo]
*
Ainda vens longe
Eu logo adivinho
Como vais chegar.
Se triste ou cansado,
Se calmo e tranquilo,
Eu abro os meus braços
Para te abraçar.
E é nesse abraço
Que tudo se diz
Leio-te tão bem
Nem tens de falar.
[Da autoria de Maria num comentário aqui abaixo]
Falar de amor é sempre doce:
ResponderEliminarMary, a eterna romântica.
Olá Mary,
Eliminara mim nem sempre me dá para falar de amor mas, quando falo, adoro, sinto-me mesmo bem, gosto.
Também sou uma romântica, uma apaixonada. É bom ser-se assim, não é, Mary?
Um abraço!
Sei lá...
ResponderEliminarTrazes no olhar um encanto de sol pôr
e o mistério do dia que amanhece
fosses tu apenas sombra
e eu saberia adivinhar-te...
(Esquece)
sou eu a divagar coisas que a vida decide e tece
ou escreve
na areia
no mar
nas ruas mais estreitas da cidade
e eu adivinho
vagamente encandeadas
a tua luz e a minha
cruzando eternidade
Erinha,
EliminarTão bonito, é sempre aquela magia que passa pelo meio de uma história, tão característico nos seus poemas.
Já o coloquei no sítio devido, onde merece estar.
Muito obrigada e um beijinho, Erinha.
Que lindo, Erinha!
ResponderEliminarBeijinho
Mary
Desculpem o atrevimento, Amigas.
ResponderEliminarSó uma pequena coisa, feita de repente:
Ainda vens longe
Eu logo adivinho
Como vais chegar.
Se triste ou cansado,
Se calmo e tranquilo,
Eu abro os meus braços
Para te abraçar.
E é nesse abraço
Que tudo se diz
Leio-te tão bem
Nem tens de falar.
Maria
Beijinhos para as duas.
Mary,
EliminarTão bonito também. Como gosto de ver a inspiração a fazer-se poesia, aqui, tão generosamente...
E como me reconheço nessa intuição feita de vivência a dois.
Também já o coloquei no sítio devido.
Muito obrigada, Mary.
Um abraço!
E assim surge uma tertúlia queridas meninas...
ResponderEliminar... uma espécie de "amor em tempo de guerra"
Desejo-vos tudo de bom.
Eu limito-me a oferecer a casa, a servir uns chazinhos e a aplaudir. Com meninas poetas tão talentosas estou sempre desejando que cá venham.
EliminarUm abraço às duas e a todos os que nos lerem!
Mesmo de longe valeu a pena "atravessar" a ponte e beber a beleza das palavras.
ResponderEliminarAbraco
jrd,
EliminarQue palavras tão boas de ler. Muito obrigada, mesmo!
Um abraço.