Estamos juntos e esquecemo-nos dos outros. Podemos estar no meio de outros que apenas nos vemos um ao outro. Outras vezes, isolamo-nos num recanto e esquecemo-nos que há mais mundo para além desse pequeno recanto.
Outras vezes estamos longe, sem sabermos um do outro mas, estando juntos em pensamento (e quero lá eu saber que tudo isto soe a cliché), sentimo-nos confortados com pequenas peças de recordações que se abrigaram dentro de nós.
Poderíamos entrar pela água dentro, poderíamos voar juntos, poderíamos apenas ficar sentados em frente um do outro, olhando-nos sem palavras, que nenhuma nervura de água, nenhum ar se agitaria, nenhum som seria emitido. As nossas mãos transportam o imenso silêncio que nos envolveu, um silêncio sagrado que vigiamos com respeito e saudade.
Não me queixo do destino, não. Não me posso queixar. Tenho-te a ti, tenho a felicidade imensa de me sentir amada, desejada. Tenho braços que me abraçam com um suave calor, tenho a ternura de um longo olhar que pousa manso sobre mim, tenho a música do teu sorriso brando.
[Não acabe aqui, siga pela poesia, e deixe-se ficar com Mahler, deixe-se ficar de olhos fechados, coração aconchegado]
Na Boca do Vento, sobre o Jardim do Ginjal, de frente para Lisboa, sobre o Tejo |
Estamos tão perto
que aqui onde estamos
não nos descobre nem o ar
sequer a nervura das águas se agita.
As mãos crescem de silêncio
amarrotadas esquecidas do pó
como as ruínas da urze.
('Cântico raso' de Catarina Nunes de Almeida in Bailias)
Não é cliché, não.É muito bom sentirmos este aconchego, mesmo em pensamento e mesmo em silêncio tudo funciona na perfeição.
ResponderEliminarE este 'Cântico Raso' tem magia 'As mãos crescem de silêncio/amarrotadas esquecidas de pó..'
A PAISAGEM É LINDA. LISBOA À DISTÂNCIA DE UM OLHAR.
Bj
Olinda
Olinda,
ResponderEliminarQue contente fico com a sua visita e com a sensibilidade que as suas palavras sempre revelam.
Muito obrigada.
Beijinhos!