Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

27 outubro, 2011

Não volto, não. Isto acabou e foi de vez.

  
Não voltarei. Nem tu. Acabou e ambos sabemos que foi de vez. Mas foi um fogo extraordinário o que nos envolveu, não foi? Sabia-nos tão bem, éramos tão felizes, éramos tão livres na nossa efémera paixão.

Sabia-nos tão bem, dava-nos tamanha calma, sonhávamos tanto, andávamos alegres como jovens namorados. E eram tão bons os nossos beijos, beijos conquistados, beijos escondidos.

Já consigo falar disto, destas doces recordações, destas recordações que jamais esquecerei.



[E a seguir, depois de passar pelo poema, desça um pouco mais para ouvir uma outra mulher cantando Hija mia - conversa de mulheres, cântigos íntimos]

Em Cacilhas, junto ao Tejo, tapete azul, tão pertinho de Lisboa, a Bela


                            Não volto, não. Isto acabou e foi de vez.

                            Atleta de uma única vontade,
                            não quero mais prender-me novamente
                            no fumo de uma triste combustão
                            em que eu andei...

                            Sabe-me bem viver, - ser livre, enfim!

                            Já sei falar de coisas esquecidas.

                            Fui ontem ao cinema.

                            Sentei-me, calmo, à noite, num jardim.

                            Beijei uma mulher
                            sem perguntar quem era...

                            - Agora, dou por mim.


                           (Poema de António Botto in 'Poemas com cinema')

  

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