Gostava tanto de me aninhar nos teus braços, gostava tanto de sentir a tua boca quente e macia.
Gostava tanto das nossas longas conversas ou dos silêncios em que nos olhávamos amorosamente.
Mas sabíamos que um dia terminaria a nossa breve e doce história. Onde existia uma proximidade absoluta, existe agora uma longa e densa ausência. Cedemos ambos, cedemos o nosso terno afecto. Mas não, não existe qualquer rasto de medo. Ambos sabemos que outra coisa não seria possível. Foi com civilizado entendimento que nos despedimos.
Mas, meu amor, não te esqueças nunca que vives como te lembro - puro, bom, meigo, doce, querido - bem dentro de mim, naquele recanto quentinho em que não se sentem as distâncias.
[Depois do Exercício da Maria Teresa Horta, desça um pouco mais, são lindos os cânticos de Santa Maria]
Não retomo nos teus
braços
o calor da tua boca
nem retomo do silêncio
as palavras que se
escoam
Mas se na tua distância
existe um entendimento
na minha lenta cedência
existe um rasto de medo
('Exercício' de Maria Teresa Horta in Poesia Reunida)
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