Tens-me e eu tenho-te. Olhas em frente, em silêncio e eu olho-te e tu sabes que te olho, que o meu olhar é um afago que respeita o teu silêncio. Ou então olhas-me e o teu olhar beija-me a alma e eu deixo que o teu olhar entre docemente em mim. Ou olhamos os dois o mesmo mar, o mesmo veleiro, a mesma grande ave que atravessa o espaço, olhamos, e nesse momento somos partilha, e estamos tão próximos, tão próximos, meu amor. E, às vezes, sentindo o meu olhar pousado sobre ti, perguntas, 'Diz?' e eu sorrio, dou-te a mão, e digo-te apenas 'Nada' e sorrimos, é assim o amor, sem palavras, sem justificações, apenas amor, uma paz imensa dentro de nós. E então beijas-me. E se estás longe eu digo-te 'beija-me na mesma, beija-me com palavras'. E eu, mesmo sem te ver, sei que sorris. E, digas o que disseres, sinto-me beijada.
PS: E agora, meus queridos Leitores, tenho um convite especial para vos fazer: a seguir ao poema do José Luís Peixoto, encontra-se uma novidade - sigam, pois, por favor, até aos posts abaixo. Um grande momento vos espera.
À beira do Tejo, num fim de tarde |
tenho aquela que me olha e que olho
e misturamo-nos como brisas e
silêncios e digo tenho aquela que
me vê e ela olha-me e tudo o
que somos é uma partilha uma
mistura e digo diz e aquela que
tenho beija-me num olhar e num
silêncio que não posso dizer
(Poema de José Luís Peixoto in 'A criança em ruínas')
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