Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

07 setembro, 2011

Da ocidental praia lusitana, por mares nunca antes navegados

Nestes momentos que mais parecem de capitulação, aqui nesta ocidental praia lusitana, onde o orgulho, onde a ousadia, onde a valentia, onde o gosto pelo risco, onde a ambição?

Tanto mar agora para quê?

Tanto mar a abraçar este que já foi um valoroso país para quê?

Tantos recursos, tantos caminhos e para quê?

Onde está agora o peito ilustre lusitano?

Onde está o engenho e a arte que superam a força humana?

Num momento difícil como o que Portugal atravessa, quem se levanta para indicar o caminho, quem se levanta para nos levar de novo para novas descobertas, novas vitórias, quem se levanta para nos mostrar que, é em momentos assim, que mais altos valores se deveriam levantar?

Aqui, nesta ocidental praia lusitana.


As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
(...)


Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
(Excertos do Canto I, de Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões)




Nota: As fotos foram feitas hoje numa magnífica praia lusitana, bem a oeste, na imaculada costa alentejana.

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