Nestes momentos que mais parecem de capitulação, aqui nesta ocidental praia lusitana, onde o orgulho, onde a ousadia, onde a valentia, onde o gosto pelo risco, onde a ambição?
Tanto mar agora para quê?
Tanto mar a abraçar este que já foi um valoroso país para quê?
Tantos recursos, tantos caminhos e para quê?
Onde está agora o peito ilustre lusitano?
Onde está o engenho e a arte que superam a força humana?
Num momento difícil como o que Portugal atravessa, quem se levanta para indicar o caminho, quem se levanta para nos levar de novo para novas descobertas, novas vitórias, quem se levanta para nos mostrar que, é em momentos assim, que mais altos valores se deveriam levantar?
Aqui, nesta ocidental praia lusitana.
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
(...)
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
(Excertos do Canto I, de Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões)
Nota: As fotos foram feitas hoje numa magnífica praia lusitana, bem a oeste, na imaculada costa alentejana.
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