São acasos felizes.
Uma pessoa cruza-se com outra.
Um olhar. Uma respiração. Um calor que se pressente. Um cheiro. Uma certa forma de andar. Um certo tom de voz.
Uma palavra, um sorriso.
Não é preciso mais para começar.
Mesmo que não se saiba ainda o nome.
Fim de tarde no Ginjal, mesmo rente ao Tejo, pequena rua de todos os amores |
Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.
Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa - ou
de ser gato, para poder ter mais do que uma vida.
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.
Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa - ou
de ser gato, para poder ter mais do que uma vida.
('Nunca soube o teu nome' de Maria do Rosário Pedreira in 'Nenhum nome depois')
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