Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

28 agosto, 2011

Entraste numa tarde, por engano, a perguntar se eu era outra pessoa

São acasos felizes.

Uma pessoa cruza-se com outra.

Um olhar. Uma respiração. Um calor que se pressente. Um cheiro. Uma certa forma de andar. Um certo tom de voz.

Uma palavra, um sorriso.

Não é preciso mais para começar.

Mesmo que não se saiba ainda o nome.

Fim de tarde no Ginjal, mesmo rente ao Tejo, pequena rua de todos os amores

Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.

Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa - ou
de ser gato, para poder ter mais do que uma vida.



('Nunca soube o teu nome' de Maria do Rosário Pedreira in 'Nenhum nome depois')

Sem comentários:

Enviar um comentário