Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

11 julho, 2011

Há um tempo para estar só, há um tempo para estar nu

Tantas vezes, aqui neste mesmo sítio, digo que vou abrir os braços e voar, tantas vezes.

Não que esteja só, não que me sinta nua, não que me faltem as pontes. Não. Nada me falta.

Apenas me apetece sentir o ar fresco das alturas, sentir que não há chão, nem pontes que me prendam, sentir que posso ir até onde a vontade de me levar.

Depois mergulhar nas águas frescas do rio.

E só, então, depois, voltar aos caminhos normais da vida.

Há pouco, no Ginjal, homem aspira a maresia que vem do Tejo, Lisboa ali tão perto

Há um tempo para estar só
há um tempo para estar nu
há um tempo que falta para ser
o bastante uma coisa e outra
há uma ponte em direcção ao tu

que é necessário atravessar e que
é necessário, coragem, minar
e há um ponto sem chão
nem ponte em que só é preciso
abrir os braços e voar


(Belíssimo poema de Rui Caeiro in 'O quarto azul e outros poemas')

Homem, com coragem, abre os braços e voa

(avistado do Ginjal, sobre o Tejo, junto à Ponte)

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