Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

20 junho, 2011

Disseste: o sol nasceu. Foi verdadeiramente então que o sol nasceu

Digo-te que o sol está a nascer e tu, que mal reparas, vês então que o sol já aí está. Ou digo-te, olha que bonito o sol a pôr-se, e tu dizes que sim.

Coisas banais, todos os dias o sol nasce e se põe mas, para mim, todos os dias isso é um milagre a que, rendida, assisto.

E, se estou junto ao rio, imersa em todo o imenso azul, digo, convertida, meu amor, olha o sol nasceu, ou meu amor o sol está a pôr-se. E fico feliz se tu comprovas que o sol nasceu, que o sol se pôs.

Sei, então, que não estou a sonhar com tão improvável milagre.

Flor de cardo, de um etéreo lilás, na descida para o Ginjal - o Tejo e a Ponte ao fundo

Disseste: o sol nasceu.
Foi verdadeiramente então que o sol nasceu
e que nos habituámos todos a dizer
que o sol nasceu.
Às vezes pensamos que acontece várias vezes
mas é uma ilusão de óptica que não nos deixa ver
o grande círculo azul em cujo centro
tu dizes eternamente: o sol nasceu.

('Disseste: o sol nasceu', poema de Pedro Tamen in 'Memória indescritível')

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