Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

20 abril, 2011

É verão e o branco de Lisboa não se cansa da brancura

Lisboa, cidade belíssima, cidade que se espraia colina abaixo em direcção ao Tejo, cidade que - como qualquer mulher - não deve ser vista muito de perto ou que, então, deve ser conhecida nos seus melhores recantos.

Cidade belíssima sobretudo no verão, cidade belíssima de cores suaves, de aromas diversos, de aragens suaves, de sons variados.

Ou avistada do outro lado, cidade aquietada na sua reserva, longe mas, afinal, tão perto.

Lisboa, a bela, e o Tejo vistos de Cacilhas

É verão e o branco de Lisboa não se cansa
da brancura, o céu de um azul
pálido e constante, na sombra da esplanada.
Os pedreiros falam alto, num português bruto,
os estrangeiros, que nunca leram Cesário,
louvam o encanto da lota, as raparigas passam,
melhores que qualquer cidade,
enquanto o vento tempera o calor

lembrando que existe um rio.
Mas a sombra é um parêntesis, a brancura
um parêntesis, o próprio vento e as raparigas
uma suspensão no quotidiano
que teima em desintegrar-se,
em resistir à superfície da escrita.
Nesta cidade que tranquilamente
se deixa ficar nas colinas, quem sabe
se à espera, quem pode saber.

(Um belo poema sobre Lisboa, 'Lisboa, Cerca Moura' de Pedro Mexia in Menos por Menos)

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