À beira do Tejo eu canto d'amor como quem ensaia a perfeição de um delito.
Olhando Lisboa eu canto 'Deita no meu peito e me devora, deita no meu leito e se demora', eu canto 'Só você invadiu o centro do espelho'.
Aqui, no meio de todo este azul, como se estivesse sobre um lençol, eu canto d'amor 'na vida só resta seguir um pacto e o resto rio afora.'
Três raparigas num cais do Ginjal, a ponte como um véu, três raparigas cantando 'I love Lisbon, Tagus I love you' |
Três moças cantavam d'amor
os braços debulhados dispostos no lençol.
A casa era um corpo
invertebrado.
Um bicho sem concha
à sombra das coxas das moças
que d'amor cantavam
e sobrevoavam o linho
de pernas para o mar
uma de dentro da outra para dentro da outra
e trocavam de sapatos
e teciam véus e vulvas
como quem ensaia a perfeição de um delito.
(Três moças cantavam de Catarina Nunes de Almeida in Bailias)
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