Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

07 fevereiro, 2011

Deixemos que o tempo nos leve na curva dos dias sem história

Deixemos, meu amor. Talvez amanhã, talvez um dia, talvez.

 Adiamos. Adiamos como forma de resolução.
Ouvimos a canção e parece escrita para nós: só nós dois é que sabemos o quanto nos queremos bem, o amor quando acontece não pede licença ao mundo.
Mas não conseguimos continuar: que falem não nos interessa, o mundo não nos importa. Não, isso não conseguimos dizer.

Mas vamos viver o presente tal qual a vida nos dá, o que o futuro nos reserva ninguém sabe o que será.

Quem sabe algo não se rasga trazendo-nos novas possibilidades, um novo início?

 
Num dia branco, velas brancas de pano e de pedra, numa visão abençoada a partir do Ginjal, Lisboa branca e luminosa, o Tejo uma suave aguarela. Uma beleza mágica.

Deixamos que o tempo nos leve
na curva dos dias sem história
e uma canção de Cohen
ou a terra dos versos amados
adormeçam o sobressalto da madrugada.
E adiamos. E dizemos amanhã,
talvez amanhã haja palavras e um gesto novo
ou antigo trazido à luz,
e algo se rasgue e instaure
não a inquietude
mas as suas possibilidades. E adiamos
e temos tudo resolvido. Subitamente
a farpa de um início.

(Alarme de Soledade Santos in 'Sob os teus pés a terra', )

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