Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

28 outubro, 2010

Meu coração não está nas largas avenidas nem repousa à tarde, para lá do rio Tejo

Nada acontece.
Nem, ao menos, tu, neste tempo de angústia vens dizer o meu nome ou cobrir-me de beijos.
Quero amar-te, sim, mas tu hoje não voltas. Tu não virás, nunca mais.
 Onde estás meu amor que não posso confessar? Onde estás meu amor que não posso deixar de amar em pecado?

(Cacilheiro a chegar de Lisboa, no cais de Cacilhas, à beira do Ginjal)

Meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.
Nada acontece. Nada. Nem, ao menos, tu
virás despentear os meus cabelos.

Nem, ao menos, tu, neste tempo de angústia
vens dizer o meu nome ou cobrir-me de beijos.
Ah, meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.

A cidade enlouquece os meus olhos de pássaro.
Eu recuso as palavras. Sei o nome da chuva.
Quero amar-te, sim. Mas tu hoje não voltas.
Tu não virás, nunca mais, ó minha amiga.

Nada acontece. Nada. E eu procuro-te
por dentro da noite, com mãos de surpresa.
Meu coração não está nas largas avenidas
nem repousa à tarde, para lá do rio.

E tu, longe, longe. Onde estás meu amor,
que não vens despentear os meus cabelos?
Eu quero amar-te. Mas tu hoje não voltas.
Tu não virás, nunca mais, ó minha amiga.

(Canção da minha tristeza in Canções de Ex-Cravo e Malviver de Joaquim Pessoa)

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