Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

09 janeiro, 2014

Em que espelho ficou perdida a minha face?


Em Cacilhas, de frente para Lisboa, num dia sombrio, o Tejo escuro, agitado


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?




Poema 'Retrato' de Cecília Meireles aqui dito por Paulo Autran sobre parte do filme UP (Altas aventuras)



2 comentários:

  1. Mais importante que o espelho é reencontrar tudo o que lá ficou.

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  2. Eu estava a passear à beira do rio e estava frio e húmido, ninguém por ali. Com excepção para um senhor, olhos no chão, andar um pouco vergado. Fotografei-o porque achei tocante a sua quase fragilidade ali no meio de uma paisagem tão inclemente mas tão bonita.

    Quis encontrar um poema assim e encontrei este de que gostei bastante, sobre este filmezinho.

    A vida é assim mesmo, vamos sendo outros, o que fomos fica nas fotografias, nas memórias. Não é que isso seja forçosamente mau. Há novas vidas por viver e isso talvez requeira que sejamos outros.

    Um abraço, jrd.

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