Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

23 outubro, 2013

O teu corpo assombrou a noite com a sua luz inteira


Há tanto tempo que não ouço a tua voz. Raramente me lembro de ti, sabes? Ficaste lá atrás num dia de verão, numa imagem num espelho, nós dois abraçados, iluminados pela luz doce de uma tarde muito terna. Há tanto tempo. Terá sido verdade? O teu sorriso doce, os teus braços carinhosos, os teus beijos adolescentes. A tua voz. talvez tenha sido um sonho, já não sei.

Há muito tempo.

Nem a tua recordação já vem aconchegar-se a mim, na cama, enquanto durmo. Talvez chegue um dia em que nem vou lembrar-me do teu nome. Terás, então, também desaparecido do espelho que ainda conserva o teu sorriso, o nosso abraço apaixonado.



[Abaixo da cidade que hesita entre o sono e o aconchego, estreia-se uma nova voz: Joana Lapa. Ainda não a conheci o suficiente para saber se vai voltar. Mas, hoje, aqui, dou-lhe as boas vindas. Logo a seguir, continuamos com jazz: Donny McCaslin Group]


Casario da beira Tejo à noite


                                                   Por não ter ouvido hoje a tua voz,
                                                   o teu corpo assombrou a noite
                                                   com a sua luz inteira.



['Ausência III' de Joana Lapa in Lettera Amorosa, Iluminações e Sombras]


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