Uma casa cheia de flores, uma inocente galinha no parapeito, cestas douradas, objectos coloridos, perfume no ar, uma alegria quase infantil.
Nos vidros das montras reflectem-se as janelas das casas da frente, e é como se toda a rua estivesse também ali. E misturada com as flores, com as cores, com as janelas das outras casas, com os perfumes, estás tu.
Ouço a tua voz que, distraída, trauteia, imagino o teu sorriso, e sei que, nesse momento, és o centro do universo, o centro do meu mundo, és o meu próprio coração apaixondao.
Não te vires, não vejas o tonto que sou, imóvel, olhando um mundo quase perfeito, olhando o fruto do meu amor, pedindo que o momento não se desfaça, que a fantasia não de desvaneça.
Não te vires. Não quero que te rias, velho poeta tonto, porque me idealizas assim, porque vês perfeição numa mulher tão imperfeita? Deixa-te estar assim, mulher inventada, mulher perfumada, habitando um espaço cheio de flores e sonhos.
Não te vires, não te rias, canta essa melodia quase silenciosa, e deixa-me sonhar contigo, mulher cheia de luz, entrando nesse espaço feito de palavras, música e estrelas.
[Pedro Tamen está de novo aqui. Pudesse eu e o Ginjal seria também a sua casa. Abaixo do seu belo poema, poderemos maravilhar-nos com uma outra grande interpretação de Uri Caine, um belo homem a quem a música corre nas veias]
Florista na Rua do Alecrim |
Cantas. Não sei bem onde,
mas atravessas as paredes da casa
e do coração. O amor indetectado
lança notas de música da terra
- não a das estrelas, que não há.
Cantas. E o universo é uno,
é uno neste verso.
[Poema 2 de Pedro Tamen in Rua de Nenhures]
Sonhar, idealizando a mulher ideal ou o homem ideal, num recanto idílico do universo ou partilhando viagens maravilhosas ou simplesmente o quotidiano, é uma parte importante da vida.
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Olinda