A água limpa, vibrante, a água cheia de vida, a água azul e, ali perto, o rio e, do outro lado, Lisboa que se prolonga até se ir misturar com a Serra - e, segundo dizem, é junto à água que as pessoas são mais felizes. Talvez por isso, é a água que eu busco incessantemente.
O som do mar que vem e vai, que se espraia, que vem para nos conquistar, que nos afaga, sem submissão, o som que é um silêncio imenso e o som é água, é céu, é frescura e o azul não é bem azul, é também cinzento, prateado, a tender para o verde e traz muito branco e estas cores agitam-se, rebolam, brincam e inventam-se e, por vezes, é apenas o reflexo do céu, às vezes o mar é o céu em estado líquido e, nessas alturas, o som não é silêncio, é só um rumor.
E eu gosto de andar aqui na praia, respirando o ar fresco e limpo, imersa neste azul silencioso em que apenas o marejar ilumina este grande espaço.
Vou em silêncio porque locais assim são locais de prece, locais de bênção e as gotas que se desprendem do grande mar vêm ungir-me, baptizar-me e eu sinto-me a flutuar e não sei se é nas nuvens, se nas ondas, se no silêncio, se na paz mais perfeita e limpa, se nas palavras feitas água azul.
[Por baixo das ondas, poderão encontrar as palavras azuis de Pedro Tamen e, logo abaixo, uma alma lusitana entoa Donizetti]
No domingo, na praia. O oceano e, do outro lado, 'a linha' e a Serra da Lua |
Azul. Era azul? Era a cor
que era, não a que pretendo
- ou seja, a que relembro.
O mar. Água, em todo o caso.
Vento por cima; ou era a voz
de alguém fazendo o ar bulir?
É na pele o que sinto
ou nos ouvidos soa? A sós
a praia. A sós, que não estou lá.
[Poema de Pedro Tamen in Memória Indescritível]
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