Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

20 março, 2012

Amarás o torpor que se seguirá a ti


Desço à beira do mar, hesito, olho o passado, olho o que fica para trás, olho a casa, o jardim, os sorrisos, os afectos macios, a porta que se fecha, íntima, as cortinas que velam a luz do exterior. O conforto morno, a segurança suave, o aconchego, o coração e as mãos.

Ah, este temor, o temor. 

Praias desabridas, solidão, desconhecido, mistério sem nome, e eu aqui, hesitante.

Penso em ti. Penso em ti, o torpor que se segue a ti. Temor. 

Mas, à frente, a liberdade, a liberdade. Que infinita vontade de partir.



[Na beira da praia, as palavras do poeta seguem, em liberdade, até à valsa de Ravel. Tamanha é a vontade de partir que iremos com ele.]

Gaivota na beira do Tejo, no Ginjal


                         Sei
                         Sei tu
                         Amarás o torpor que se seguirá a ti
                         Praias desabridas com o temor

                         Liberdade, liberdade
                         infinita vontade de partir



[Poema de 2009, pag 71, de José Alexandre Caldas Ribeiro in 'A água que nos move']
  

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