Como falar de ti? Impossível.
E não és um, és um de vários e a todos amo - amores distintos, mas amores intensos em qualquer dos casos. Estás ao meu lado, estás dentro de mim, saíste de mim, saíste de quem saíu de mim. Tens o nome do apóstolo, o nome de reis, o nome de todos os homens especiais na minha vida.
Como é possível que tenham todos o mesmo nome? Mas assim é. Chegam-se a mim, partem de mim e o nome é sempre este. Joviais, lutadores, vencedores, apaziguadores, brilhantes, belos, bons, fortes e amigos, amantes, eternos amantes, há sempre um junto a mim. Desde há muito que há sempre mais que um no meu coração.
Junto ao oceano, junto ao rio, na montanha, na cidade, em dias de sol, em dias de névoa, em dias de tempestade ou quando o tempo renasce, nunca estou só e a minha companhia mais doce é sempre um ou mais que um de vós.
Mas hoje é para um em particular que escrevo, hoje é a um em especial que desejo uma vida longa e feliz, uma vida inteira ao meu lado, for ever. My love.
[Hoje temos prelúdios de Gershwin, ao piano, e é uma animação que o dia é de festa - desça um pouco mais, por favor.]
No Ginjal, vendo o Tejo, Lisboa, um cacilheiro |
Escolho sempre um nome que me soe amante
retrato de homem nascido
'em plena guerra', de esparsas relíquias
incêndio e incendiador dor e adaga dolorosa.
Ora brilho com ele em marés vivas
como a água na areia brilha assiduamente
ora nos bebem os inimigos o sangue
os pensamentos
o desvão menos exposto do desejo.
Mas ele brilha João em todo o corpo
Fuma, o gladiador.
Luta amordaça desfaz refazemor
Apocalipse segundo João.
['Recanto 7' de Luís Neto Jorge in Poesia]
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