De onde estás, tão longe, tão longe, voa até mim. Vem, terei a janela aberta. Os meus braços quentes estão sempre abertos para ti. São macios, perfumados, e fecham-se em torno do teu coração quando queres um ninho, quando queres sentir um coração a bater junto ao teu. Vem. Atravessa a noite que eu estou aqui, esperando por ti. Atravessa os rios, os mares, os oceanos, vem do outro lado do mundo, vem, mesmo que leves uma vida, vem, mesmo que saias de noite e chegues ao raiar da aurora - vem.
Nos recantos da minha pele que se arrepia ao teu toque, no meu olhar molhado que se sacia com o teu sorriso, nas minhas palavras que nascem para te falar com vagar o meu afecto suave e apaixonado, encontrarás a paz que procuras, encontrarás a chama que procuras.
Vem. Voa até mim.
No Ginjal, pássaro levanta voo sobre o Tejo, Lisboa do outro lado |
Atravessa os campos da noite
e vem.
A minha pele
ainda cálida de sol
te será margem.
Nas fontes, vivas,
do meu corpo
saciarás a tua sede.
Os ramos dos meus braços
serão sombra rumorejante
ao teu sono, exausto.
Atravessa os campos da noite
e vem.
('Apelo' de Luisa Dacosta in A Maresia e o Sargaço dos Dias)
boa ligação do texto ao poema.
ResponderEliminarObrigada Luís.
ResponderEliminar