Passam os dias e eu sem ti, quase não pensando em ti, feliz sem ti. Passam os dias e eu alheada de ti, feliz na minha vida longe de ti.
Mas, depois, inesperado, um momento vem que me traz o teu doce olhar, o teu terno sorriso, ou uma aragem que me traz o teu cheiro (ou a imaginação dele), que me traz a tua voz (ou o seu eco dentro de mim) - e eu recolho-me, isolo-me dentro de mim (para te ter comigo). São breves momentos, só me permito esse desvio por breves momentos - porque tenho que continuar, logo de seguida, a minha vida feliz, contigo longe de mim (contigo bem fechado dentro de mim).
Passo secreta tormenta
que só comigo se sente,
mas o que mais m'atormenta
é mostrar-me descontente
de quem muito me contenta.
que só comigo se sente,
mas o que mais m'atormenta
é mostrar-me descontente
de quem muito me contenta.
Dessimulo que não vejo
quem folgo muito de ver;
é um mal muito sobejo
mostrar contrairo desejo
do que desejo fazer.
Assi que, passo tormenta
de nunca viver contente,
mas o que mais m'atormenta
é mostrar-me descontente
de quem muito me contenta.
quem folgo muito de ver;
é um mal muito sobejo
mostrar contrairo desejo
do que desejo fazer.
Assi que, passo tormenta
de nunca viver contente,
mas o que mais m'atormenta
é mostrar-me descontente
de quem muito me contenta.
('Passo secreta tormenta' de Diogo Brandão in '366 Poemas que falam de amor')
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