Hoje o céu está iluminado, uma lua derrama o seu leite luminoso sobre nós, vivo ao pé do mar, estou sempre junto á água sem a qual não vivo, vivo numa terra florida eu que adoro flores, num país que não sabe o seu futuro mas que tem um orgulhoso passado que nos ajudará a ter ânimo para atravessar o presente, sem desesperos.
Há crianças felizes, que me alegram com os seus risos, há música, há cor, há afagos, abraços, beijos.
De tudo isto eu preciso para ser eu. Mas, num canto secreto de mim, há uma ausência muito funda, inominável.
Mulher olha o Tejo, olha Lisboa - uma tarde no Ginjal |
Num deserto sem água
numa noite sem lua
num país sem nome
ou numa terra nua
por maior que seja o desespero
nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
('Ausência' de Sophia de Mello Breyner Andresen in 'Obra Poética II')
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