Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

26 outubro, 2011

Nada de bom fica de verdade e, então, a pena de viver não vale a pena revivê-la

  
Vem meu querido menino, vem, coloca a tua mãozinha no meu peito, sente o meu coração quase gasto.

Vem, meu menino lindo, dá-me a tua mãozinha branca, com refeguinhos fofos, quentinha, deixa-me enchê-la de beijinhos.

Vem, queridinho pequenino, prende-me a ti, prende-me à vida, não deixes que o meu destino se cumpra já, prende a minha mão.

Diz-me, meu menino mais lindo, diz-me que vale ainda a pena, diz-me que fique, que a vida é boa, diz-me que essa é a verdade.

Ou então brinca aqui ao meu lado, deixa-me ver-te, deixa reviver em ti toda a minha vida.



[Meu caro Leitor, se quer ouvir música, está no local certo. Desça um pouco mais - passará pela fotografia, a seguir pelo poema de pedro Tamen e, logo a seguir, estará com Martin Codax que integra o ciclo da música medieval]

Avó e neto no Ginjal, sobre o tejo, de frente para Lisboa


                    Atarda a mão que vai ao rés do colo
                    mexericar no veio da lembrança
                    de brancuras fatais, refegos curtos,
                    olores de tepidez humedecida
                    por suores impalpáveis mas palpados.
                    Atarda: que por mais
                    que a tua mão avance, nunca vence
                    o valor sopesado em loucas e supostas
                    locubrações, destinos. Atarda:
                    nada de bom fica de verdade e, então,
                    a pena de viver
                    não vale a pena revivê-la.


                   (Poema de Pedro Tamen in Memória Indescritível)

   

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