Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

28 setembro, 2011

Promete ficares sempre junto a mim


Meu amor, meu amor. Fica sempre junto de mim. Meu amor. Sabes como sou. Sabes que toda eu sou paixão, corpo incendiado, loucura, voo, quentes abraços, mente largada. Segura-me. Abraça-me com força, e beija-me. E, nos momentos de delírio, se a noite for escura, se o futuro for distante, acende estrelas dentro de mim, deixa que o meu corpo em chama ilumine este mar, este céu. E diz-me, diz meu amor, diz que o tempo parou, diz que para sempre me terás nos braços, diz-me que ficarás sempre aqui, junto a mim, às vezes dentro de mim. Meu amor. Nunca me deixes desamparada.


[Em noite de mulheres em chamas, siga agora, por favor, para a sala abaixo, onde uma mulher se entrega a um fulgurante voo, a um fulgurante jogo: Natalia Osipova on fire]

Fim de tarde no Ginjal, mesmo rente ao Tejo

                           Promete ficares sempre
                           junto a mim
                           desconhecendo o tiro e o disparo

                           Confessa seres o fogo da paixão
                           enquanto
                           sou loucura    voo    e desamparo

                           E se ainda assim o delírio
                           for pouco
                           estrelas no corpo debruçado

                           Diz-me que o tempo parou
                           e no desvairo
                           jura ser pouco, não sendo necessário


                          ('Fogo' de Maria Teresa Horta in 'Poesia Reunida')

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