Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

01 setembro, 2011

Não sei de lei nenhuma que não dobre a dura mansidão da tua boca

Há quanto tempo não ouço a tua voz, meu amor? Há quanto tempo o teu sorriso não atravessa a distância para me fazer sorrir?

Há quanto tempo os teus olhos não pousam em mim para me fazer despertar o intenso desejo de ti?

Há quanto tempo os teus lábios não pousam, com ternura e desejo, nos meus?

Mas eras real? Ou era apenas a minha imaginação a querer-te junto a mim?

Vagueio pelo ar, tento encontrar-te, percorro a noite, chamo-te até ser manhã e tu não vens.

Mas algumas vez vieste? Alguma vez virás?

Casal passeando no Ginjal, bem rentinho ao Tejo, num belo fim de tarde

Quando ouço ao telefone a voz que brinca
e canta, sem saber, os dias novos,
pouco me importam tempo, espaço, luas,
ou maneiras sequer de ser humano.
Vagueio pelo ar, e arranco estrelas
ao cenário sem fim do universo;
e faço pobres contas aos cabelos
depenados no chão, verso após verso.
Nada é real, senão o meu desejo,
nem sei de lei nenhuma que não dobre
a dura mansidão da tua boca;
inventou-nos um deus, para que seja
veloz o lume na manhã sem nome,
e chama viva a voz que nos consome.


('Quando ouço ao telefone a vaz que brinca', de António Franco Alexandre in '366 poemas que falam de amor')

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