Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

01 setembro, 2011

Não basta olhar para os lírios


Passeava rente ao Tejo, um fim de tarde de uma calma que me afagava a pele, uma luz azul, mágica, quase parecia a luz da aurora.

Um silêncio doce, apenas interrompido pelo subtil rumor do leve ondular das águas.

Ninguém.

O casario deserto, a estreita rua deserta.

E então vejo um barco, um pequeno barco que quase parece de papel e de lá sai um pássaro, uma magnífica gaivota que voa, asas abertas no largo espaço, passa por mim, tento fotografá-la mas ela segue, ignora-me, afasta-se e, então, pousa, Lisboa como cenário, e olha noutra direcção.

Não sei porque isso me entristece, não há explicação para isso. Mas entristece. Gostava que ficasse perto de mim mesmo que por um breve instante ou que, pelo menos, me olhasse.

Ontem no Ginjal, vinda do Tejo, ao fim do dia, de costas para Lisboa pintada a azul


Não basta olhar para os lírios
É preciso rescendê-los
partilhar o sussurro do seu nome
no roxo dos seus cabelos


(Lírios, poema de António Oliveira Emerenciano in Flores)

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