Para ti sou tudo isso, bicho que vem do interior da terra, fruto que nasce da árvore, sou flor selvagem, sou seiva, sou folha, sou raiz, para ti eu sou a própria terra, para ti e contigo eu sou a continuação da vida.
Em Belém, à tardinha, jovem ajeita-se para ficar bem na foto que o seu amor lhe tira |
É quando estás de joelhos
que és toda bicho da Terra
toda fulgente de pêlos
toda brotada de trevas
toda pesada nos beiços
de um barro que nunca seca
nem no cântico dos seios
nem no soluço das pernas
toda raízes nos dedos
nas unhas toda silvestre
nos olhos toda nascente
no ventre toda floresta
em tudo toda segredo
se de joelhos me entregas,
sempre que estás de joelhos,
todos os frutos da Terra.
que és toda bicho da Terra
toda fulgente de pêlos
toda brotada de trevas
toda pesada nos beiços
de um barro que nunca seca
nem no cântico dos seios
nem no soluço das pernas
toda raízes nos dedos
nas unhas toda silvestre
nos olhos toda nascente
no ventre toda floresta
em tudo toda segredo
se de joelhos me entregas,
sempre que estás de joelhos,
todos os frutos da Terra.
(Poema (XIV) de David Mourão-Ferreira in 'A arte de amar')
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