Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

04 agosto, 2011

E ao fim do meu dia a matéria de que se faz a minha vida é de novo abandonada

Aqui, todas as noites, em silêncio, sento-me, com uma pequena luz, e é a minha mais intrínseca matéria que escolhe os poemas, as imagens, os sons, com que combato a banalidade dos dias.

Aqui, a ver o rio que se enfeita de luzes longínquas, apago a minha luz e preparo-me para a vida que está prestes a principiar de novo.

Há pouco no Ginjal, homem encara o Tejo com a Torre de Belém em fundo

E ao fim do meu dia
a matéria de que se faz a minha vida
de novo abandonada
de novo de novo abandonada
pergunta-me silenciosa
se ao apagar da luz
a vida terá princípio.


(Poema (23) de Pedro Tamen in 'O livro do sapateiro')

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