Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

09 julho, 2011

Saíu, armada até aos dentes de formidável amor, a guerreira

Pensamos que é uma coisa e sai de lá outra. Mas procuramos com cuidado e, afinal, de dentro dessa outra coisa, sai de lá outra coisa que já não é bem aquilo que pensávamos. Mas não desistimos e procuramos melhor e, de dentro da coisa que já era menor do que inicialmnete pensávamos, acaba por sair uma coisinha. E quando queremos tentar descobrir ainda alguma coisa, a coisinha desapareceu.

Às vezes, em raros momentos de sorte, de entre as várias camadas de casca, acaba por aparecer uma pérola. Na maior parte dos casos sai uma ostra. Menos mal (adoro ostras). Mas outras vezes, nem isso, dentro da casca não há mesmo nada.

Através do vidro, na estação de embarque de Cacilhas, junto ao Ginjal, o Tejo já ali, mulher aparentemente contente com o que está a ver

quando do cavalo de tróia saiu outro
cavalo de tróia e deste um outro
e destoutro um quarto cavalinho de
tróia tu pensaste que da barriguinha
do último já nada podia sair
e que tudo aquilo era como uma parábola
que algum brejeiro estivesse a contar-te
pois foi quando pegaste nessa espécie
de gato de tróia que do cavalo maior
saiu armada até aos dentes de formidável amor
a guerreira a que já trazia dentro em si
os quatro cavalões do vosso apocalipse


(Fantástica 'A traição' de Alexandre O'Neill in 'Tomai lá do O'Neill!')

Língua de fora, a marota!  Um gesto mesmo à O'Neill: 'Toma!'

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