Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

22 julho, 2011

Eu sei que Deanie Loomis não existe mas entre as mais essa mulher caminha

Todos os dias caminhava rente ao pequeno jardim, rente à janela em que, sem te ver, sabia que me espreitavas.

Mas foi há tanto tempo que percorri essa linha que já não sei se não é apenas imaginação minha.

Foi há tanto tempo, eu era tão mais nova que não sei se quero que me vejas de novo. Haverá ainda em mim aquela que eu era, por ser assim para ti?

Não sei.

Mas gosto de pensar que me imaginas ainda a caminhar entre as mais, a caminhar para ti, como se em mim transportasse toda a primavera das nossas vidas.

Junto ao Tejo, mulher caminha na direcção de homem, que a espera


Eu sei que Deanie Loomis não existe
mas entre as mais essa mulher caminha
e a sua evolução segue uma linha
que à imaginação pura resiste

A vida passa e em passar consiste
e embora eu não tenha a que tinha
ao começar há pouco esta minha
evocação de Deanie quem desiste

na flor que dentro em breve há-de murchar?
(e aquele que no auge a não olhar
que saiba que passou e que jamais

lhe será dado a ver o que ela era)
Mas em Deanie prossegue a primavera
e vejo que caminha entre as mais


('Esplendor na Relva', belíssimo poema de Rui (ou Ruy) Belo  in O Bosque Sagrado)

E, então, abraçam-se, num apertado abraço, certamente abençoado pelo Tejo

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