Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

06 junho, 2011

Volto, pois, a casa. Mas a casa, a existência, não são apenas coisas que li?

Este é um mundo feito de palavras, palavras pensadas, palavras escritas, palavras lidas.

Palavras que se esperam, palavras que se festejam, que nos fazem rir, que nos deixam tristes.

Palavras nem sequer ditas.

Palavras que ocupam o lugar, tamém secreto, do silêncio.

No Ginjal, personagem que vejo sempre a recolher-se a um pátio para aí, com uma grande objectiva apontada ao Tejo. escolher o momento de disparar.

Volto, pois, a casa. Mas a casa,
a existência, não são coisas que li?
E o que encontrarei
se não o que deixo: palavras?

Eu, isto é, palavras falando,
e falando me perdendo
entre estando e sendo.
Alguma vez, quando

havia começo
e não inércia,
quando era cedo
e não parecia,

as minhas palavras puderam estar
onde sempre estiveram:
no apavorado lugar
onde sou o silêncio.

['O resto é silêncio (que resto?) de Manuel António Pina in 'Nenhuma palavra e nenhuma lembrança']

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