Ginjal e Lisboa

Ginjal e Lisboa

21 junho, 2011

Na orla do mar, no rumor do vento, onde esteve a linha pura do teu rosto

Passeio junto ao mar que é rio, que é azul, aspiro a maresia, a frescura do entardecer. Se por aqui passasses nem me vias, o meu corpo estava convertido em alma e a alma voava sobre as águas.

Não sei onde estás, se estás do outro lado do rio, se estás do outro lado do mundo, se estás aqui ao meu lado.

Não sei se a aragem que roça o meu rosto é o vento, se és tu, aqui junto a mim, intenso, secreto, só meu.

Hoje ao fim do dia, junto ao Tejo, jovem mulher contempla Lisboa
Na orla do mar,
no rumor do vento,
onde esteve a linha
pura do teu rosto
ou só pensamento
- e mora, secreto,
intenso, solar,
todo o meu desejo -
aí vou colher
a rosa e a palma.
Onde a pedra é flor,
onde o corpo é alma.


('Na orla do mar' belíssimo poema de Eugénio de Andrade in Antologia Breve)

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